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Notícia

19 Mai, 2017

O início da nossa história

 

É surpreendente a história da Igreja. Nela é possível contemplar a concretização da ordem de Jesus que enviou os seus discípulos para ensinar e batizar todos os povos. Não é necessário ser católico para perceber como essa história é surpreendente: ela possui unidade no tempo e no espaço, ou seja, uma mesma doutrina nas diversas gerações e nas múltiplas culturas; a Igreja pregou e prega o evangelho nas diversas circunstâncias, inclusive nas perseguições mais sangrentas; ela é capaz de produzir santos nos diversos tempos e lugares; a sua capacidade de se recuperar nas crises mais assustadoras é incrível.

As primeiras páginas desta aventura são marcadas pela pregação dos apóstolos e o aumento surpreendente dos seguidores desta religião. Já no início do século IV era quase 15% da população do império romano. O aumento de adeptos e a proposta cristã de liberdade não eram vistos com bons olhos, e a resposta do poder romano foi uma cruel perseguição. Uma das piores foi a que ocorreu na época de Diocleciano. Cristãos levados aos circos romanos para serem devorados pelas feras, outros queimados em postes iluminando as noites de Roma, e outros tantos meios truculentos de execução foram usados para matar cristãos.

Mas ao invés de diminuir o interesse pelo cristianismo, as perseguições pareciam aflorar ainda mais o desejo de fazer parte daquele grupo. O sangue dos mártires germinava novos cristãos. Com isso, o imperador Constantino I deu liberdade de culto aos cristãos e Teodósio I, alguns anos depois, tornou o cristianismo a religião oficial do império romano; nessa época os cristãos já eram a maioria da população.

Quando os problemas externos pareciam ter acabado surgiram os problemas interno. Agora o perigo estava dentro da própria Igreja. Ario, um padre de Alexandria, dizia que Jesus não era Deus, mas sim uma criatura. Além disso, os arianos negavam que o Espírito Santo fosse Deus. Essas falsas ideias geraram uma grande crise a ponto de necessitar de intervenção política, pois ameaçava a unidade do império. O problema só foi resolvido com os dois primeiros concílios, o de Nicéia e o de Constantinopla, que condenaram o arianismo e definiu que Jesus era da mesma substância do Pai, ou seja, é Deus. O mesmo se afirmou do Espírito Santo.

Quando os problemas pareciam estar mais sobre controle, outras crises apareceram. E elas foram importantes, porque fizeram a Igreja definir algumas questões que ainda não estavam bem claras. Diversas eram as ideias equivocadas. Uma delas foi o nestorianismo, que dizia que em Jesus haviam duas pessoas. Outra heresia, chamada de monofisismo, afirmava que Jesus só tinha uma natureza, a divina. Essas questões também foram resolvidas em concílios: em Éfeso afirmou-se que em Jesus só há uma pessoa; em Calcedônia foi declarado que Jesus possui duas naturezas, a humana e a divina. Essas heresias geram igrejas que até hoje estão separadas da Igreja Católica.

Esse primeiro período da Igreja, particularmente os cinco primeiros séculos, são marcados por grandes desafios como as perseguições e as heresias que quase destruíram a Igreja, mas foi também nesse período que se viu uma grande multidão de testemunhas fiéis e também de grandes autores que se dedicaram a explicar a fé católica de maneira clara e com fidelidade à Jesus Cristo. São desse período os chamados padres da Igreja, ou pais da Igreja, que são os primeiros teólogos. Eles ofereceram uma rica contribuição não só para a Igreja mas para toda a humanidade, e hoje é possível ter contato com uma rica literatura escrita naquela época.

 

Texto: Seminarista Anderson Santana Cunha

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