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Notícia

23 Jan, 2015

Artigo : a subsistência da unidade

 

 POR LUÍS EUGÊNIO SANÁBIO E SOUZA, ESCRITOR 

  

A subsistência da unidade

Diante do crescente número de seitas, cisões e comunidades cristãs que surgem aqui e ali, os católicos devem estar cientes de que as promessas de Jesus Cristo de nunca abandonar a sua Igreja (Mateus 16,18; 28,20) e de guiá-la com seu Espírito (João 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja Católica, jamais virão a faltar.

O Concílio Vaticano II recordou que a unidade “Cristo a concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste sem possibilidade de ser perdida na Igreja Católica e esperamos que cresça, dia após dia, até a consumação dos séculos” (Concílio Vaticano II: UR n° 4).

O Magistério da Igreja afirma que os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja Católica. Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro (Papa) e pelos bispos em comunhão com ele.

Com esta expressão “subsiste” (subsistit in), o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua composição, isto é, nas igrejas e comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica.

Os católicos não podem imaginar a Igreja de Cristo como se fosse a soma das diversas comunidades ou igrejas cristãs, nem lhes é permitido pensar que a Igreja de Cristo hoje já não exista em parte alguma, tornando-se, assim, um mero objeto de procura por parte de todas as igrejas e comunidades. É verdade de fé que “os elementos desta Igreja já realizada existem, reunidos na sua plenitude, na Igreja Católica e, sem essa plenitude, nas demais comunidades” (Papa São João Paulo II, Encícclica Ut unum sint, n. 14).

As rupturas que ferem a unidade da Igreja (distinguem-se a heresia, a apostasia e o cisma) não acontecem sem os pecados dos homens. “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos” (Código de Direito Canônico, cânon 751).

A falta de unidade entre os cristãos é certamente uma ferida para a Igreja; não no sentido de estar privada da sua unidade, mas porque a divisão é um obstáculo à plena realização da sua universalidade na história. Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela.

Neste trabalho em prol da unidade, “a Igreja não faz proselitismo, mas cresce por atração” (Papa Bento XVI). Em obediência ao mandato de Jesus Cristo (Mateus 28,19-20) e como exigência do amor para com todos os homens, a Igreja Católica anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Jesus Cristo, que é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo.

 

 

 Fonte: Tribuna de Minas

http://www.tribunademinas.com.br/

Data: 21 de janeiro de 2015 - 07:00

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