Escuta FM

Notícia

29 Jan, 2014

Missa o rito oficial da igreja latina

Instrução para os fiéis

Missa o Rito oficial da Igreja Latina

 

Prof. Dr. Padre Manoel Pacheco (Diocese de Assis – SP)

 

Fique bem claro, por tudo quanto estamos ensinando nestas linhas, se refere à Missa promulgada oficialmente pela hierarquia da Igreja, por ela determinado como legítimo e por ela adotado, como é a Missa celebrada no Rito Romano atual, não pode ser considerada como sendo algo passível da menor crítica.

Não aprovamos os abusos e as profanações que ocorrem até com certa freqüência em Missas em todas as regiões do mundo, por isso, o propósito especifico dessa leitura é aquele de promover a defesa do Magistério e a indefectibilidade da Igreja, que continua perene, mesmo com os atuais desastres a que possa ter dado azo a reforma litúrgica.

Conforme legisla o Direito Canônico, pertence exclusivamente à autoridade da Igreja determinar o que é valido e lícito na celebração, administração e recepção dos Sacramentos, pois eles são os mesmos para toda a Igreja e pertencem ao depósito divino (Cf. C.D.C. cânon 841). Seria, portanto, usurpar o lugar da suprema autoridade da Igreja dizer que a Missa no rito romano atual, deve ser modificada submetida aos critérios de cada comunidade.  

O povo fiel deve compreender que o Missal Romano constitui o que é conhecido como uma lei disciplinaria universal, afirmamos que é necessário desenvolver uma cultura da advertência, para evitarmos a atitude de “ex absurdo”, ou seja, do absurdo a que levam certas idéias de “adaptação” e no alto mar de suas ignorâncias adotam uma ação litúrgica inválida ou herética, sacrílega, heterodoxa, não católica, e, portanto, ilegítima.

O Santo Padre Pio XII, afirmava: “Em erro perigoso estão, pois, aqueles que julgam poder unir-se a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderirem fielmente ao seu Vigário na terra. Suprimida a cabeça visível e rompidos os vínculos da unidade, obscurecem e deformam de tal maneira o corpo místico do Redentor, que não pode ser encontrado por quem procura o porto da eterna salvação” (Encíclica Mystici Corporis, n. 40).

O Magistério nos lembra a necessidade da comunhão com a hierarquia da Igreja para que haja legitimidade na celebração da Santa Missa. O Papa João Paulo II nos ensina isso na sua encíclica Ecclesia de Eucharistia: “Somente neste contexto, tem lugar a celebração legítima da Eucaristia e a autêntica participação nela”. Santo Inácio de Antioquia diz: “Que se considere legítima só esta Eucaristia que se faz sob a presidência do Bispo a quem este encarregou” (Smyrn, 8,1. Cf. também todo o n. 1369 do Catecismo da Igreja Católica).

Uma vez que a Missa foi promulgada solenemente pela Sé de Pedro como lei litúrgica da Igreja e adotada pelo Episcopado mundial em comunhão com o Papa (Cf. Verità della fede, in Opere, vol. VIII, p. 720, n. 9), isso é matéria de fé e não pode ser expostas por circunstâncias adjuntas. Afirmar um comportamento contrário é incorrer em reprovação já promulgada pelo Magistério, é sustentar uma proposição censurada dizendo deste modo que a Igreja, regida pelo Espírito de Deus, possa promulgar uma disciplina litúrgica que equivoque a salvação das almas (Cf. Papa Pio VI, Cost. Auctorem fidei, condenação aos erros do Sínodo de Pistóia. Também vejam: Papa Gregório XVI, Encíclica Mirari Vos, 9, 1932); pelo contrário, as leis universais da Igreja são santíssimas (Pio XII Encíclica Mystici Corporis, 65).

A tradição nos ensina, portanto, a infalibilidade ou inerrância da Igreja nas suas leis universais, entre as quais se situam as leis litúrgicas e a sacramentaria, isto significa que não podem conter erros contra a Fé ou Moral. Objetar a ordem do Magistério da Igreja, mesmo havendo muitas elucidações sistemáticas posteriores ao Concilio do Vaticano II sobre a praxe litúrgica que concordam com uma fase hermenêutica  estruturalmente antropocêntrica, não estão em condições de re-orientador o fato dogmático; como precisa a insuperável tese de Haegy: “Os atos litúrgicos tem um valor dogmático; são expressões do culto de Deus na Igreja. Ora, a manifestação exterior do culto tem uma relação intima com a fé” (Manual de Theologia Dogmática, vol I, p. 508 e 510, Ambrosiana, Milão 1988). Em síntese não é o homem o centro do culto, o centro do culto é o Ressuscitado, a lógica é a fé e não a cultura. O que acontece no Culto é o momento da história da Salvação (Abade S. Marsili, Paulus, São Paulo 1983); e não o momento da história do homem universal.

Na mesma ordem teológica nos convence Hermann: “A Igreja é infalível na sua disciplina geral. Pelo termo disciplina geral entendem-se as leis e as práticas que pertencem à ordenação externa de toda Igreja. Isto diz respeito a elementos tais como o culto externo, como a liturgia e as rubricas ou a administração dos sacramentos (...). Se ela fosse capaz de prescrever ou de ordenar ou de tolerar em sua disciplina alguma coisa contrária a fé, ela falharia na sua missão divina, o que seria impossível” (Cf. Institutuiones Theologica  Dogmatica  Roma, 4 th ed., Della Pace, 1908, vol I, p. 358).

O que assistimos na liturgia contemporânea em intermináveis contextos no mundo, mas não participamos, fecunda uma mentalidade permissiva, intimista, personalista que se desenvolve em uma esfera estruturalmente sensorial, intuitiva, cuja semântica do mistério que é também portadora deve ser detida pela teologia pastoral pós Conciliar para analise.

Todavia o que determina o nosso ser no culto é o agir dos apóstolos, modelo por excelência da integração do homem cristão na liturgia. No transcorrer da Última Ceia, os apóstolos agem com o silêncio, com a contemplação, não interferem nas expressões e nos gestos de Nosso Senhor Jesus Cristo, não alteram a liturgia, recebem e acolhem, cumprem o que o Senhor solicita se comportam segundo a conseqüência que supõe a graça para ser transmitida e fielmente interpretada e que não pode acontecer em nenhum outro modo. Na origem o Santo Culto da cruz e da Ressurreição confessa, na atitude da primeira assembléia cristã, que o espírito humano de participação nesta mesa é disposto a ser envolvido e conduzido pelo mistério celebrado. Aqui se encontra o verdadeiro espírito sobre a interpretação do homem e de seu comportamento litúrgico, concedendo a ação divina eleva-lo a sua glória.

O magistério vivo e autêntico existente na Igreja é continuo, sem interrupção, e a assistência continua e ininterrupta do Divino Espírito Santo é sua garantia contra todo o erro quanto à fé. E essa assistência divina não se interrompeu no Concilio do Vaticano II. O Papa João XXIII, na convocação do Concilio, lembrou bem essa verdade, após citar a passagem do Evangelho “Eis que estarei convosco todos os dias até ao fim dos séculos” (Mt 28,20). O ato da Igreja e de sua liturgia seja em matéria doutrinal e em matéria disciplinar são epifanias do próprio Cristo.

O Concilio Vaticano II, que com êxito terminou há pouco, promulgou sapientíssimos documentos, em matéria disciplinar para promover eficazmente a vida da Igreja, recai, pois, sobre todo o povo de Deus o dever de se empenhar com todo o esforço para por em prática tudo quanto, por inspiração do Espírito Santo, nessa grande assembleia dos bispos, sob a presidência do Romano Pontífice, foi solenemente proposto ou declarado.

Em matéria litúrgica, são louváveis os estudos e esforços para investigar profundamente a verdade distinguindo com critério o que deve ser crido e aquilo que é proposto como opinião. O que devemos fazer é simplesmente entender que opiniões e intervenções na praxe celebrativa da Igreja, atinge o próprio dogma e consequentemente leva a desconhecer os fundamentos da fé.

Nesta mesma linha me debato, do mesmo modo, ao tratar da teologia dos sacramentos, alguns elementos ou são ignorados ou não são suficientemente levados em consideração, principalmente no que se refere à Santíssima Eucaristia. Sobre a presença real de Cristo sob as espécies de pão e de vinho não faltam aqueles que favorecem a um exagerado simbolismo como se o pão e o vinho não se convertessem pela transubstanciação no corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas mudassem apenas de significação. Existem também os que opinam ser apto para a Missa o conceito de ágape do que a ideia de sacrifício.

Concluindo afirmamos que é postulado da própria dignidade, que os fiéis todos – por serem pessoas, isto é, dotadas de razão e de vontade livre e por isso mesmo com responsabilidade pessoal – são impelidos pela própria natureza e também obrigados moralmente a procurar a verdade, sobretudo no que concerne à vida sacramental cristã. Têm também a obrigação de aderir à verdade e de ordenar toda a sua vida segundo as suas exigências, portanto o fiel é chamado a reconhecer como se dá a sua integração correta no culto, assim também os clérigos, superando obstinadamente atribuições que não lhes são conferidas, forçando justificar uma autoridade jurídica que não lhes foram concedidas pela tradição apostólica, pelos escritos patristicos, tão pouco imprimidas pela revelação bíblica.

Sobre a manipulação do culto católico, recorremos aos féis para que se tornem ouvintes do Magistério, para formarem a sua própria consciência, devem atender diligentemente à doutrina sagrada e certa da Igreja. Pois, por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade, e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo, e ao mesmo tempo declara e confirma, com a sua autoridade, os princípios de ordem moral que dimanam da natureza humana e a ação litúrgica que salvam as almas. Além disso, os fiéis católicos, procedendo cordatamente com o próprio batismo, procurem “no Espírito Santo” o volto de filhos dóceis à voz de sua Mãe, a Igreja, para difundir com desassombro e fortaleza apostólica a luz da vida, até à efusão do sangue. (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 571), vivendo na Igreja e em sua liturgia com um verdadeiro espírito filial (Catecismo da Igreja Católica, n. 2257). Uma santa atitude, recomendamos aos fiéis diante da liturgia oficial da Igreja, um ato de fé e de humildade. A Igreja é um mistério de Deus que só os pequeninos que a Ela se entregam no mais absoluto abandono, podem saborear (Cf Mt 11,25).

Os cristãos dos primeiros séculos testemunham o único sentido que nos deve conduzir à assembleia litúrgica. Eles entravam na Igreja, para vivenciarem o Mistério Pascal de Cristo e não para produzirem uma liturgia fabricada. Este sempre foi o caminho dos Santos.

 

 

(autor registrado na ordem dos Autores do Brasil)

 

Prof. Dr. Padre Manoel Pacheco (Diocese de Assis – SP)

 

 

COMPARTILHAR