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Notícia

22 Nov, 2020

Entendendo o Dízimo a partir do Doc. 106 da CNBB

Entendendo o Dízimo a partir do Doc. 106 da CNBB

O dízimo é aqui apresentado na perspectiva da evangelização, como um dos elementos da “conversão pastoral” que foi assumida pela Conferência de Aparecida.

 

O que é o dízimo? (Doc. 106)

 

  • É uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja.
  • É um compromisso de fé, pois está relacionado com a experiência de Deus.
  • Exprime a pertença efetiva à Igreja, vivida em uma comunidade concreta. Manifesta a amizade que circula entre os membros da comunidade.
  • Diferencia-se do cumprimento de uma lei, por vir de uma decisão pessoal. É compromisso moral.
  • A contribuição do dízimo é sistemática. Isso significa que ela é estável, assumida de modo permanente.
  • É periódico: mensal (ligado ao salário ou outros tipos de ganho); ou anual (ligado a colheitas ou à venda de produtos).
  • O dízimo não pode ser assumido unicamente como forma de captação dos recursos para as outras pastorais. Esta compreensão não expressa toda riqueza de seu significado. (DAp).


Falando sobre o dízimo

 

Quando falamos de dízimo, não falamos apenas sobre dinheiro, antes devemos entender que o dízimo é parte integrante no processo de evangelização. A Graça e o Amor de Deus não tem preço e nem são produtos de comercialização junto aos cristãos. Deus nos oferece tudo de forma gratuita.
Como cristãos, devemos buscar o sentimento de pertença, gratidão e de corresponsabilidade das ações pastorais em nossa comunidade paroquial.

Outro ponto fundamental é compreender que o entendimento consciente sobre o dízimo colabora para o crescimento da consciência teológica do indivíduo e da comunidade paroquial, pois o dízimo é fruto da partilha dos fieis, e a eles pertence, a nível comunitário, paroquial e diocesano.
Ao assumir o compromisso de contribuir com o dízimo, nos dispomos a nos encontrar com o Senhor e com a Igreja. Esse duplo encontro nos convida a uma verdadeira conversão, uma mudança de vida. Por isso o dízimo será sempre uma oportunidade privilegiada de através de um gesto concreto exercermos o amor fraterno através do nosso coração.

O dízimo é um gesto de fé, a fé dá sabor e sentimento ao dízimo. Se não acredito no que professo, o dízimo se torna apenas uma oferta solidária, e nada mais. O cristão, contudo, vai além: porque a Igreja, ao fazer a sua partilha, a faz exercitando a fé. Para ele, a fé vem antes da quantia partilhada. Ele não é cristão porque é dizimista, mas é dizimista porque é cristão. Assim, a quantia partilhada tem um motivo que a antecede: a fé em Jesus como Aquele que dá com fé, ele se enriquece, já que é partilhado com o objetivo de evangelizar.

O dízimo é partilha pois, ao oferecê-lo, contribuímos com parte do que temos. A união das partes oferecidas pelos membros de uma comunidade nos leva a ter condições de investir e sustentar o nosso plano de evangelização. É fundamental esse entendimento que ao partilhar, o dizimista está oferecendo o que é importante para si e para a sua comunidade.

O dízimo é estável e periódico esse é o compromisso de ser dizimista em sua comunidade, o cristão está expressando a sua decisão de ser dizimista fiel. Se não for assim, a sua partilha seria uma oferta, e não dízimo. Para a comunidade paroquial isso é essencial, já que ela deve evangelizar de forma organizada, o que não seria possível se não pudesse prever, pelo menos aproximadamente, a quantia a receber em cada mês. Assim sendo, cabe ao dizimista ser fiel na sua contribuição também quanto à estabilidade e a periodicidade de sua contribuição.

O dízimo é escolha e decisão, logo, ser dizimista é uma opção baseada na liberdade, também a quantia a ser oferecida deve ser decisão do próprio dizimista. A Igreja não diz que deve ser tanto, ou a partir de tanto, ou ainda não menos que tanto. Cabe a cada dizimista fiel tomar essa decisão e decidir com quanto vai contribuir. A Igreja não pode tomar essa decisão por você. Esta decisão deve partir de seu interior, deve ser uma quantia importante para você e para a comunidade. De um modo bem simples no discernimento, todo cristão é chamado a contribuir a partir de sua realidade. Os dez por cento bíblicos, são uma referência à qual todos são convidados a chegar, desde que decidam fazê-lo por convicção. É você que decide ser dizimista e com quanto vai contribuir.

O dízimo é contribuição é muito importante esse entendimento, pois ao implantar a Pastoral do Dízimo no Brasil, os bispos decidiram que ele deve ser uma opção, e não uma obrigação (Doc. 106). Ao se tornar opção, ele é caracterizado pela escolha de cada católico. A Igreja não quer que ninguém seja obrigado a contribuir, mas que o faça livremente e com alegria. Não sendo imposto, mas proposto, o dízimo se torna participação. Cada católico é convidado a sustentar a sua comunidade, seja partilhando dons, carismas, inteligência. Essa partilha deve ser uma opção consciente e generosa. Para tanto, a liberdade é essencial. Todos são chamados a participar, ninguém, contudo, deve ser obrigado a fazê-lo!
 

As dimensões do dízimo

 

Religiosa: Pela dimensão religiosa entendemos que somos de Deus: Dele saímos e para Ele voltamos. Sendo o tudo, logo Deus não precisa de nossos bens, já que tudo pertence a Ele. Ao partilhar o dízimo, “dizemos” a Deus que temos consciência de nossa plena e total pertença a Ele, portanto o que partilhamos é um sinal da nossa pertença. É nisso que consiste a espiritualidade do dízimo: ele amadurece e aumenta a nossa comunhão com Deus, já que vivemos conscientes de que a nossa segurança está Nele, e não nos bens que possuímos.

Eclesial: Sabemos que Deus não precisa de nosso dízimo, mas a Igreja presente no mundo sim, ela não tem como evangelizar sem utilizar-se dos instrumentos adequados. Como todo batizado e exercendo o protagonismo dessa Igreja, cabe a nós contribuir para que a missão deixada por Jesus se cumpra. Assim, somos nós, clérigos e leigos, que fazemos com que a comunidade tenha o suficiente para se sustentar, seja comprando velas, seja reformando salas, seja investindo na formação de lideranças. Cabe aos membros de cada comunidade sustentá-la exercendo a espiritualidade do dízimo, nós a fazemos através do dízimo e das ofertas. O dízimo, contudo, deveria ser o suficiente para manter e sustentar o dia a dia da comunidade evangelizadora.

Missionária: Ao acolher o mandato de Jesus de levar o Evangelho a todas as pessoas (Mt 28,19), entendemos que sendo cristãos, somos missionários e missionárias. Não temos o direito de ficar fechados em nossas comunidades sendo uma religiosidade de manutenção. Devemos sair para ir ao encontro de quem não participa e de quem ainda não conhece Jesus. Somos uma comunidade missionária quando nos desacomodamos e vamos ao encontro das pessoas tanto dentro como fora dos limites de nossa comunidade. O Papa Francisco tem insistido: “Só podemos nos considerar cristãos de fato se, como Jesus, irmos ao encontro de todos para anunciar, sem imposição, quem é Jesus e no que consiste o Evangelho por Ele anunciado”.
Parte do dízimo deve ser investido nas missões, tanto aquelas a serem realizadas na própria comunidade, como aquelas a serem efetivadas fora da comunidade. A comunidade que se acomoda e fica contente com quem já participa perdeu, ou nunca teve, senso missionário.

Caritativa: Essa dimensão do dízimo leva os dizimistas a fazer o que Jesus fez: olhar com amor e colocar-se a serviço dos pobres. Como é possível que adoremos Jesus na Eucaristia e não o identifiquemos em quem sofre? Essa incoerência sinaliza o quanto vemos Jesus aqui e não ali. A comunidade dizimista, pela assistência e pela promoção, serve o pobre gratuitamente. É preocupante que uma comunidade invista somente em construções, e nem sequer perceba o pobre que está à sua porta, como o rico e Lázaro na parábola contada por Jesus. Quem opta pelo dízimo, opta preferencialmente, não exclusivamente! pelos pobres!
Uma parte do dízimo deve ser destinada aos necessitados, aos pobres mais pobres. Seja pela assistência, seja pela promoção. Pela assistência atende-se àquelas necessidades urgentes, que não podem ser deixadas para amanhã, como alimento, roupa, remédio, entre outras. Pela promoção investe-se na formação e capacitação, dando às pessoas condições de terem uma forma de sustento e/ou uma profissão, como curso de culinária, de preparação para o vestibular, de plantio de horta, ou ainda o custeio de cursos profissionalizantes.

 

Os porquês de ser dizimista

 

  • Sou Batizado, membro de uma comunidade de fé. Ao ser batizado recebi a missão de evangelizar.
  • Sou Evangelizador, sigo os mandamentos de Jesus: “Ide e anunciai o Evangelho a todas as pessoas” (Mt 28,19)
  • Sou Comunidade, não evangelizo sozinho, e sim com a comunidade, me unindo aos meus irmãos e irmãs na fé.
  • Sou Igreja, procuro ser coerente com a minha fé. Se pertenço a Igreja, tudo o que é importante para ela, é também para mim.
  • Sou Pastoral, contribuo para que o Evangelho apresentado por Jesus chegue em diferentes situações e ambientes.
  • Sou Corresponsável, responsável, junto com os demais membros, pela obtenção de recursos para a manutenção da paróquia.
  • Sou Grato, agradeço a Deus pela minha vida. Ao contribuir devolvo a Ele um pouco do muito que me oferece.

É necessário que saibamos porque contribuímos com o dízimo. Quanto mais tivermos consciência do significado e do valor da nossa contribuição, tanto mais contribuiremos com alegria, generosidade e fé. Abramos o coração para Deus e para a comunidade, assumindo o nosso batismo que nos vocaciona para a santidade e nos faz evangelizadores.

Ser dizimista é ser discípulo missionário!

 

Artigo escrito pelo diácono Celso Luis Sais, assessor da Pastoral do Dízimo na Diocese de Santo André
 

Fontes:

Doc 106 – CNBB
Pastoral do Dizimo: Formação para agentes da Pastoral do Dízimo – Pe Cristovam Lubel

 


 

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