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Notícia

27 Jan, 2016

Igreja: natureza e missão - padre manoel pacheco

Igreja

Natureza e Missão

 

Padre Manoel Pacheco

 

         A Palavra de Deus contida no Novo Testamento nos faz conhecer que a Igreja é o Corpo de Cristo e não um corpo humano. Humano são os membros e, somente os membros. A cabeça não é humana, mas, é o próprio Cristo Ressuscitado com a totalidade de Sua natureza divina. A Igreja, não existe e não é mantida por vontade humana, mas essencialmente por vontade divina. A Igreja também não é prisioneira da realidade temporal e do mundo em que vivemos, não depende deste mundo, porque não depende do homem. Descobriremos este ensinamento quando lemos nas Escrituras Cristãs sobre a Jerusalém Celeste, a Jerusalém do Alto e, enfim em nosso credo, quando, professamos a comunhão e intercessão dos Santos, Santas e Mártires.

         A Igreja não é algo distinto ao seu Senhor, ela é o Corpo Dele, a continuidade de sua presença na história humana e no mundo criado. A Igreja é a sua manifestação, seu anuncio salvífico, diz suas mesmas palavras e comunica seus sacramentos, cumpre a sua mesma obra redentora, dá o mesmo que Ele nos deu.

         O mistério da Igreja, esposa do Verbo Divino é prefigurado em diversas fases da história do povo de Israel. Descreverei dois grandes exemplos apenas: a arca de Noé. Símbolo da Igreja que em si gera a nova criação e a nova humanidade, e não naufraga diante do diluvio universal, símbolo da morte e do juízo final. A Igreja triunfa sobre a morte. O segundo exemplo é a travessia do povo judeu a pé enxuto pelo mar vermelho que é prefiguração da paixão e mortede Cristo, através da qual passamos – páscoa – para a eternidade, à qual é simbolizada pela promessa da terra prometida no livro do Êxodo. Existem muitos outros conteúdos sobre a Igreja que estão descritos na Palavra de Deus, mas prefiro não estender muito está doutrina.

         A Igreja, portanto, é algo que nos foi dado, assim como Jesus e não algo que desenvolvemos. O primeiro dom que emerge do mistério pascal de Cristo é a visibilidade da Igreja: Pentecostes.

         Nós católicos precisamos conhecer profundamente a Igreja, onde estamos e do que fazemos parte. Precisamos superar a nossa limitação e a nossa ausência de interesse sobre a doutrina da Igreja, para conhecer o mais possível à dimensão da graça que nos justifica e salva. Acima de tudo, conhecer este maravilhoso dom que recebemos.

         Segundo um dos maiores autores do Novo Testamento, Paulo Apostolo, os batizados são membros do Corpo de Cristo que é a Igreja, todavia, não de uma forma passiva ou técnica se estabelece está ligação. Estar ligado ao Corpo de Cristo depende da virtude do membro. Desmembrar-se do Corpo de Cristo depende da atitude do membro e reintegrar-se ao Corpo de Cristo, depende da Igreja através do sacramento da Confissão que restitui e regenera em nós a graça do batismo que foi perdida pelas atitudes que contradiz e se opõe o seguimento do inteiro corpo (o pecado).

Não é uma garantia o rito simplesmente para configurar a nossa legitima pertença a Igreja Corpo de Cristo é necessário fundamentalmente a virtude que deve corresponder a graça que é oferecida através do rito sacramental.

Paulo Apostolo, não só nos esclarece este estado de comunhão – membros e cabeça – ele também exorta sobre o estado de não comunhão em diversos textos de seu epistolário: 1Cor 5, 3-5: 2Cor 2, 5-11: 1Tm 1,20: 2Ts 3, 6-15: 1Cor 5,2ss; 2Cor 2, 6-11: 1Cor 5,3ss: 2Cor 13, 2-10: 1Cor 5, 9-11: Este conjunto de textos falam, sobretudo, da exclusão e excomunhão da comunidade baseadas nas atitudes de seus membros, a tal ponto que podemos entender que  estar unido a Igreja equivale um estado de graça e seguimento de santidade. Em relação a estes ensinamentos se acrescentam também esferas mais radicais, como são denominadas situações irremissíveis Mt 12, 31s; Mc 3, 28s; Lc 12, 10. Hb 6, 4-6; 1Jo 5, 16.

Começamos a entender, provavelmente, que a nossa identidade cristã é autêntica na medida em que entramos na vida desse corpo, tornando-se inexistente ou hipócrita na medida em que nossas atitudes nos faz sair desse corpo. Não há uma situação intermediária: é no sentido completo e, também, no sentido em que se busca ser ou não é definitivamente.

Nos evangelhos Mt 16, 16-19; Mt 18, 18 e Jo 20,22; descobrimos uma significativa verdade relacionada a Igreja a partir do ministério do Apostolo Pedro: “Ligar e desligar”; “estar dentro ou fora”. O que Pedro fizer na terra, será confirmado no céu pelo próprio Deus. Pedro e seus sucessores podem exercer a sós na Igreja as matérias doutrinárias, jurídicas e disciplinares. A declaração por parte de Cristo de que ele é a rocha sobre qual edificaria sua Igreja confere a Pedro uma posição singular no conjunto da Igreja. Assimilamos a este ponto a ideia de ordem e princípios na Igreja, hierarquia-serviço, sobretudo, a partir desses dados emerge a sua harmonização. Ordem, princípio e hierarquia estão a serviço de sua harmonia e comunhão.

É indiscutível a nossa responsabilidade para conhecermos mais profundamente a Igreja e dentro da comunidade, encontrarmos o nosso lugar e compreendermos até onde vai, no conjunto do corpo a dimensão de meu membro e o seu valor na expressão única e total desse corpo junto aos demais membros.

A amputação de um membro do corpo, a revelia, a conspiração, a violência grave à Igreja são remissíveis pela sua natureza sacramental – confissão – está última supõe e só acontece mediante o arrependimento, virtude tão nobre e tanto levada em consideração por Jesus.

Concluindo, estar na Igreja implica amá-la como o Cristo a ama, não se pode estar unida a alguma coisa sem amor. É necessário todos refletirem sempre se de fato nossas atitudes nos faz ser membro da Igreja ou já nos desmembraram de seu corpo e não pertencemos mais a sua Igreja.

 É causa de nossa integração a este corpo de Cristo, superarmos a relação afetiva e social com a Igreja, não aceitar o intimismo e o personalismo que tentam fraciona-la internamente com o paganismo da língua demoníaca, à qual, implanta em nosso meio a obra do Anticristo, mas, com efeito, crescermos na relação de Fé com a Igreja, este foi o caminho de vida dos santos e mártires... A Fé dos santos e mártires, a Fé que gera milagres divinos, membros em plena comunhão em suas naturezas humanas com a natureza divina presente na Igreja, sem desagregar-se de seu tempo e sua história.

A Igreja é comunidade de salvação, lugar onde as pessoas em Cristo salvam as outras. A Igreja é a Fé no Ressuscitado e lugar da esperança até que Ele Venha em sua glória. “Vem Senhor Jesus!” Maranathá!

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